sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Inferno - Paradeigma (Phosphenes Of Aphotic Eternity)

 
O álbum "Paradeigma (Phosphenes of Aphotic Eternity)", da banda Inferno, é uma jornada audaciosa rumo ao desconhecido, um mergulho nas profundezas mais sombrias do black metal e além. Com seu oitavo lançamento, o Inferno transcende os limites do gênero, criando uma paisagem sonora densa e hipnótica que desafia as convenções do metal negro tradicional. Na verdade, Inferno, uma veterana da cena de black metal da República Tcheca, há muito abandonou as raízes do black metal tradicional, embarcando em uma jornada de experimentação sonora. "Paradeigma" é o culminar dessa evolução, uma obra onde a música e a atmosfera se tornam um só.

A produção do álbum é densa e cavernosa, envolvendo o ouvinte em um frenesi hipnótico. Cada faixa é como uma jornada às sombras, onde a linha entre a realidade e a ilusão se desfaz. A sensação de estar perdido na escuridão é palpável, e é exatamente isso que torna este álbum tão intrigante.

A jornada começa com "Decaying Virtualities Yearn for Asymptopia," um prólogo sombrio que prepara o terreno para o que está por vir. A produção densa e cavernosa envolve o ouvinte, como se estivesse dentro de uma gruta escura, enquanto sons distantes sussurram segredos insondáveis. O álbum se desenrola como um pesadelo hipnótico, onde as distorções de guitarra e a percussão trovejante criam uma paisagem sonora sinistra. Os vocais, se é que podem ser chamados assim, são como ecos distantes de cantos gregorianos em uma catedral abandonada. As palavras se perdem na escuridão, deixando apenas a sensação de um discurso inumano.

O aspecto mais notável deste álbum é a produção. Cada instrumento parece estar imerso em uma profunda camada de efeitos, criando uma sensação de desorientação e obscuridade. É como se estivéssemos vagando às cegas por um labirinto musical, tentando decifrar seus segredos.
O álbum incorpora elementos de música eletrônica, com efeitos que se entrelaçam na densa paisagem sonora, criando uma sensação de espaço e atmosfera. O uso de sintetizadores e efeitos de som adiciona camadas de complexidade, às vezes desafiando a definição tradicional de música, como visto em faixas como "Phosphenes". Esta música, por vezes, se assemelha a uma trilha sonora para um pesadelo cósmico, uma exploração dos cantos mais obscuros da mente humana.

As vocalizações são distantes e etéreas, ecoando de algum lugar além da percepção, como se viessem de um mundo paralelo. As letras, muitas vezes, são ininteligíveis, mas isso não importa. A música não busca transmitir mensagens diretas, mas sim evocar emoções profundas e obscuras. É uma trilha sonora para a mente, um mergulho nas profundezas da psique.

As faixas são extensas e cheias de mudanças de direção melódica, alternando entre seções lentas e rápidas. Os momentos rápidos são como explosões de energia, interrompendo a solenidade e acrescentando um toque de caos ao álbum. "Ekstasis of the Continuum" é um exemplo poderoso dessa alternância, com seus momentos de intensidade e sua apoteose cacofônica.

"Descent into Hell of the Future" é um dos pontos altos do álbum, começando como uma marcha lenta e desenvolvendo-se em uma tempestade de riffs e ritmos. É uma jornada musical que espelha a própria essência do álbum, uma exploração das profundezas do desconhecido.

Em "Stars Within and Stars Without Projected into the Matrix of Time", o álbum atinge seu clímax, combinando elementos de todas as faixas anteriores em uma sinfonia apocalíptica. A música desaparece lentamente, como se a jornada tivesse chegado ao fim, mas deixando a sensação de que a verdadeira compreensão ainda está além do horizonte.

"Paradeigma (Phosphenes of Aphotic Eternity)" é, sem dúvida, uma obra de arte que abre um portal para o desconhecido. É uma exploração profunda da psicologia, da cosmologia e do horror, inspirada por pensadores como Carl Jung e obras literárias que desafiam a mente. É uma trilha sonora para o intelecto, uma viagem pela mente humana e pelo cosmos, onde cada camada interage em uma dinâmica cósmica ininterrupta.

Em resumo, este álbum do Inferno é uma experiência musical única, uma jornada que desafia as convenções do black metal e mergulha profundamente nas sombras do desconhecido. É um testemunho da criatividade e da audácia desta banda checa, que continua a evoluir e a empurrar os limites do gênero. É uma obra que merece ser ouvida, não apenas com os ouvidos, mas com a mente e a alma. Um mergulho no abismo da eternidade afótica, onde as estrelas brilham tanto dentro de nós quanto fora, projetadas na matriz do tempo.
 
 
 
Banda(s) / Band(s): Inferno
Álbum / Album: Paradeigma (Phosphenes Of Aphotic Eternity)
Ano / Year: 2021
Tipo / Type: Full-length
Rótulo / Label: Debemur Morti Productions
Gênero(s) / Genre(s): Atmospheric Black Metal
Tema(s) lírico / Lyrical theme(s): Metaphysics, Gnosticism, Philosophy
País / Country: Czech Republic
 

Tracklist:
1. Decaying Virtualities Yearn for Asymptopia 01:01
2. The Wailing Horizon 05:43
3. Descent into Hell of the Future 07:56
4. Phosphenes 04:46
5. Ekstasis of the Continuum 07:46
6. Stars Within and Stars Without Projected into the Matrix of Time 08:36
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Total playing time: 35:48


Download * Mediafire
mp3@CBR320kbps
flac
 

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