terça-feira, 26 de setembro de 2023

Forgotten Spell - Promo 2010


No obscuro universo do black metal, emerge Forgotten Spell, uma entidade única comandada pelo enigmático Angra Malakh. Sua música é uma viagem hipnótica por caminhos enlouquecidos, uma deliciosa aberração sonora. Angra Malakh, o mestre da dissonância, forja acordes e melodias que ecoam como gritos perdidos na escuridão. Forgotten Spell é aclamado por desafiar as normas do gênero, com composições extensas e malignas que nos conduzem por uma paisagem sonora desoladora. Os riffs, por vezes majestosos e tradicionais, outras vezes distorcidos e zunindo como notas dissonantes, delineiam a singularidade de sua sonoridade. É quando Forgotten Spell se permite desatar todas as amarras que atinge o seu auge, quando solos modestos são abruptamente dominados por leads dissonantes, e as estruturas convencionais são deliberadamente relegadas ao esquecimento em prol da imprevisibilidade característica do black metal. 
A produção áspera, característica de sua autenticidade, afasta-se dos padrões do black metal alemão, criando uma atmosfera de obscuridade e maldade que transcende o comum. Angra Malakh, uma figura enigmática, abraça a densidade caótica, criando uma experiência musical sensorialmente intensa e hipnótica. Sua música, embora possa ser criticada por sua técnica, é uma manifestação da paixão e raiva que superam qualquer imperfeição, um lembrete de uma era em que o black metal era uma expressão pura, desprovida de convenções e preocupações com a perfeição técnica.
 
É tarefa árdua eleger um lançamento predileto dessa entidade, pois aprecio cada um dos registros. 
Sinto-me agradecido por um leitor do blog ter ousado compartilhar essa raridade. Recomendo fervorosamente que busquem audição nas demais demos deste ser maligno, cujo estilo é uma expressão verdadeiramente singular.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Vemod - Venter På Stormene

 
A primeira vez em que tive o privilégio de ouvir o grandioso álbum "Venter på stormene" da banda "Vemod" foi uma experiência que permanece gravada em minha memória como uma jornada musical transcendental. Foi numa noite serena, sob um céu estrelado que parecia se estender até a eternidade, que decidi explorar essa obra-prima do "dark ethereal metal".

Deitado sobre uma rocha fria e áspera, com os olhos fixos nas estrelas cintilantes, dei início a essa odisséia sonora. Os primeiros acordes da faixa inicial, "Venter på stormene", foram como um portal que me levou a um mundo de melodia e mistério. Os vocais, ora emocionalmente torturados, ora etéreos e límpidos, ecoavam como uma narrativa ancestral. Era como se os versos carregassem consigo a sabedoria dos séculos, abrindo as portas do entendimento e da introspecção.
A medida que a música se desdobrava, fui envolvido por uma sensação de transe hipnótico. A repetição das melodias não era cansativa, mas sim um convite para uma contemplação mais profunda. Era como se as notas musicais fossem pinceladas de um quadro cósmico, traçando um mapa para a compreensão dos mistérios do universo.

A segunda faixa, "Ikledd evighetens kappe", manteve a intensidade e a atmosfera mágica do álbum. Os versos, enigmáticos e profundos, sussurravam segredos ancestrais, revelando a conexão entre a natureza, a filosofia e a transcendência. A música parecia ser a trilha sonora de uma jornada espiritual, conduzindo-me por caminhos desconhecidos.

E então, em "Altets tempel," encontramos um oásis de calma e reflexão. As notas suaves e etéreas nos envolvem como uma brisa suave, o som ambiente evoca uma sensação de serenidade. É como se estivéssemos em um templo antigo, onde a mente encontra repouso e paz.

Ao término do álbum, com mais uma faixa instrumental "Å stige blant stjerner", senti-me em um estado de contemplação e serenidade. Era como se a música tivesse traçado um caminho até as estrelas, deixando-me flutuando no éter da existência.

Essa primeira audição de "Venter på stormene" foi mais do que uma simples experiência musical; foi uma jornada espiritual que ecoa em meu coração e alma até os dias de hoje. É uma testemunha do poder da música em transcender os limites da realidade e nos elevar a estados de contemplação e calma que são verdadeiramente transformadores.
 
As letras aqui são poéticas e profundas, carregando temas que exploram a relação entre a natureza, a filosofia e a transcendência. Elas são uma parte fundamental da experiência musical do álbum, contribuindo para a atmosfera etérea e reflexiva que permeia todas as faixas. Por muitas luas, busquei desvelar seus significados, e talvez, até este dia, ainda não tenha alcançado plena compreensão, mas persisto em minha crença de que essa é a jornada


1.Venter På Stormene
 
 "Krusninger i minnets vann
Sirklende, sitrende, sildrende
For jeg glemte aldri:
Mine hender
er vind

Nas águas da memória, ondas se formam,
Circulando, tremendo, fluindo suavemente,
Pois nunca esqueci:
Minhas mãos
são como o vento.


Taler om tid
I påvente

Falando do tempo,
Em antecipação,


Den argeste flammen
som noensinne
reiste seg fra havdypet
Ursjelen

A mais feroz das chamas,
Que alguma vez
Se ergueu das profundezas do oceano,
A alma primordial.


Min stillhet skal
synge

Minha quietude irá
Cantar,


Atter, øye til øye
Skal jeg gråte
Elver av stein

Novamente, olho nos olhos
Vou chorar
Rios de pedra,


For denne avleiringen
skal speile mer enn tomhet
En drøm for tidsaltet
ornamenterer

Pois esta sedimentação
deve refletir mais do que o vazio,
Um sonho para a era temporal
adorna,


Den siste - sirkelens
slutt, ufødt"

O último - o fim do ciclo, não nascido."
 
 
A letra desta faixa evoca imagens de tranquilidade e contemplação, com elementos da natureza desempenhando um papel importante. A frase "Krusninger i minnets vann" sugere a ideia de lembranças que são como ondulações na água da memória, algo que vem e vai suavemente. As imagens de água, vento e céu refletem a conexão com a natureza e a busca pela compreensão do tempo e do mundo.

A frase "Den argeste flammen som noensinne reiste seg fra havdypet" traz uma metáfora poderosa, sugerindo a ideia de uma chama feroz que se ergue do fundo do mar, representando talvez a busca interior por conhecimento ou transformação.

A frase "Atter, øye til øye skal jeg gråte, elver av stein," que transmite uma sensação de reconciliação e aceitação, como se o eu lírico estivesse disposto a chorar diante de sua própria verdade, enquanto as "Elver av stein" podem simbolizar a fluidez e a solidez da vida.
 
Estes versos parecem desvendar um mistério profundo e sugerir uma jornada espiritual e de autoconhecimento. As águas da memória, a metáfora das mãos como vento e a referência à chama primordial evocam a ideia de que estamos explorando as profundezas da nossa própria essência. A menção à quietude que canta e às lágrimas que fluem como rios de pedra sugere uma busca por expressão e significado.

A ideia de que essa "sedimentação" reflete mais do que o vazio nos leva a contemplar a natureza da existência e do tempo. A referência à "sirkelens slutt" (o fim do ciclo) não nascido" parece indicar uma transformação ou renascimento espiritual. Ou talvez, a morte da alma. Essa é uma poesia rica em significado e aberta à interpretação.
 
 

2. Ikledd evighetens kappe
 
''Et tordenhjerte
sanker solild
i isødet -

Um coração de trovão
recolhe o sol líquido
no deserto de gelo -


Tanken vandrer
tilbake mot tiden
da jeg kastet alt
i det mørke vann

O pensamento vagueia
de volta no tempo
quando eu joguei tudo
nas águas escuras


Kun en dråpe i mystertiets hav

Apenas uma gota no mar do mistério

Et tordenhjerte
sanker solild
i isødet -

Um coração de trovão
recolhe o sol líquido
no deserto de gelo -


Dets øye skuer
det som aldri var
Hildringene peker vei
Her spirer det navnløse

Seu olhar contempla
o que nunca foi
As miragens apontam o caminho
Aqui brota o sem-nome


Kun tanken i horisonten

Apenas o pensamento no horizonte

Vindens bror, søkende
Over jord, vandrende
mot alterets blikkstille
midtpunkt

Irmão do vento, buscador
Sobre a terra, caminhante
em direção ao ponto tranquilo
do olhar do altar


Jeg er virvelhimmel
ikledd evighetens kappe

Eu sou o céu em turbilhão
vestido com o manto da eternidade



Esta faixa continua a explorar temas de transcendência e mistério. A frase inicial, "Et tordenhjerte sanker solild i isødet," evoca uma imagem poderosa de um coração de trovão que coleta raios de sol em um deserto de gelo. Isso pode representar a ideia de encontrar beleza e luz mesmo em ambientes áridos e frios.

A repetição da frase "Kun en dråpe i mystertiets hav" sugere uma busca constante por significado e entendimento em meio a um oceano de mistério. É como se o eu lírico estivesse apenas arranhando a superfície desse vasto oceano de conhecimento.

A ideia de que o pensamento vagueia de volta no tempo, quando tudo foi lançado nas águas escuras, sugere uma reflexão sobre o passado e as escolhas feitas. A "gota no mar do mistério" enfatiza a pequenez diante do desconhecido.

A segunda parte do poema parece sugerir uma busca espiritual mais profunda. O "olhar contempla o que nunca foi", indicando a exploração de possibilidades e horizontes desconhecidos. As "miragens que apontam o caminho" podem representar visões ou intuições que guiam o viajante espiritual em direção ao desconhecido.

A menção ao "irmão do vento" e ao "céu em turbilhão vestido com o manto da eternidade" sugere uma conexão com a natureza e a busca por algo maior do que a existência terrena.

Esses versos nos convidam a contemplar a jornada espiritual, a busca por significado e a conexão com o desconhecido, enquanto exploramos o mistério da existência.


Venter på stormene'' não se limita a ser apenas um álbum; ele representa uma experiência espiritual e poética. Suas letras são como folhas de um antigo manuscrito, nos convidando a desbravar as profundezas da nossa própria essência. Cada faixa se assemelha a um capítulo nessa jornada em busca da compreensão e aceitação da nossa história pessoal.

Dessa forma, este enigmático álbum da banda "Vemod" revela-se como uma verdadeira obra-prima, transcendo os confins da música para se tornar uma exploração pela verdade e pelo significado da existência. É um testemunho do imenso poder da arte em nos transportar para estados de contemplação e serenidade, onde palavras e notas se unem para criar uma experiência singular e profundamente enriquecedora.

Darkenhöld - Arcanes & Sortilèges

 
No meio das sombras etéreas do cenário musical, emerge uma obra majestosa e enigmática, um feito singular no domínio do metal negro. A banda Darkenhöld, cuja jornada musical se estende por uma década, revela sua obra-prima com a destemida ousadia de um trovador medieval diante de sua audiência cativa. Este álbum é uma poesia sombria que ressoa pelos corredores de castelos perdidos no tempo, uma odisseia mágica entre os pergaminhos do passado.
 
Ao contemplar a capa deste quinto opus, questionei-me sobre a direção que esta tríade musical de almas antigas estaria prestes a trilhar. No entanto, o deslumbramento se revelou logo nos primeiros acordes. É com fervor que afirmo que esta é a obra-prima da banda, um canto mágico que transcende o tempo e os limites da realidade.

Durante doze anos, eles mantiveram a chama da obscuridade que permeia sua música. Castelos medievais e narrativas fantásticas ecoam por meio das notas, dando vida a um mundo onde a escuridão e o mistério reinam supremos. Essa obra é uma homenagem a um passado repleto de lendas e superstições, moldada por guitarras melódicas, limpas e com um toque de elementos folclóricos e medievais, batidas de bateria poderosas e vocais que evocam os arcanos.

O álbum abre uma passagem para um passado distante, onde a imaginação vagueia livremente pelas terras encantadas e perigosas da Idade Média. Teclados e guitarras entrelaçam uma sinfonia de sons que transporta o ouvinte para esse universo perdido no tempo. À medida que cada faixa se desenrola, somos guiados por habilidosos contadores de histórias, cujas palavras ecoam como encantamentos lançados em um caldeirão mágico.

"
Incantations" é a joia que brilha na coroa desta obra-prima. É um exemplo da habilidade da banda em criar uma atmosfera poderosa, onde a escuridão e a melodia dançam em perfeita harmonia. Cada acorde e cada batida ressoam como feitiços lançados no vento noturno.

Este álbum transcende a música; é uma jornada pelas profundezas da imaginação, um mergulho nas sombras e nos mitos que permeiam nosso passado. É a essência do metal negro em sua forma mais poética, uma homenagem à época em que magia e mistério eram reais.

"Arcanes & Sortilèges" é uma obra que vai além do tempo e do espaço, e a banda Darkenhöld se revela mestra na criação de um mundo onde as lendas ganham vida. Este é o álbum que define sua carreira e estabelece um novo padrão para o metal negro folclórico e medieval. Uma experiência auditiva que permanecerá gravada na alma daqueles que se atrevem a explorar as profundezas do passado.

domingo, 24 de setembro de 2023

Moenen Of Xezbeth & Оброк - Moenen Of Xezbeth / Оброк


Em um reino onde as sombras dançam ao som de acordes misteriosos, surgiu um intrigante split lançado sob a égide da Medieval Prophecy Records em 2020. Dois titãs musicais, cujos nomes permanecerão nas sombras, ergueram seus estandartes sonoros e desafiaram o desconhecido em uma jornada musical que ecoou como um chamado ancestral.

No lado belga deste misterioso pacto musical, encontramos Moenen Of Xezbeth, cuja aura atmosférica e abordagem decididamente old school não surpreendem, mas cativam os conhecedores de seu legado. "Temple gates invocation" ecoa como um portal para tempos passados, com suas melodias de guitarra sinistras, teclados que exalam um ar de mistério e um som cru, oriundo das profundezas de alguma masmorra oculta. Gritos corrompidos e sussurros enigmáticos ecoam pelas sombras, enquanto badaladas ocasionais ecoam como sinos fúnebres, nos transportando para uma era há muito esquecida.

Do outro lado deste abismo musical, na Bulgária, reside Оброк, uma entidade até então desconhecida. Sua escolha de nome, que evoca antigas terras sagradas, revela a busca por um primitivismo místico no cenário do black/doom old-school. "Светилище" emerge com uma expressividade marcante, seu riff de guitarra gravado na memória e uma rica tapeçaria de teclados que emprestam grandiosidade e mistério à faixa. O vocal se encaixa perfeitamente, ecoando nas profundezas de uma jornada que lembra os primórdios do Behemoth, mas com uma sofisticação que eleva a experiência.

O som deste split, como um cálice de antigas eras, flui com ritmos deliberados, invocando imagens de cultos antigos e rituais sombrios. As guitarras, tanto em sua natureza suja quanto grave, ecoam como os ecos de uma época perdida. Teclados de órgão lançam um véu de mistério sobre o ouvinte, enquanto a voz profunda e enigmática tece um enredo de escuridão.

Assim, neste cruzamento de caminhos musicais, onde a Bélgica e a Bulgária se encontram, somos levados a uma viagem através das eras do black e old-school doom metal. Um split que oferece uma passagem para um mundo há muito esquecido, onde a música é a chave que desbloqueia as portas do passado e nos permite vislumbrar as sombras que há muito aguardavam na escuridão.


S.V.E.S.T. - Coagula (L'Ether du Diable)


Continuando nossa jornada pelos meandros do sombrio universo musical da banda S.V.E.S.T., depois de explorarmos o intrigante EP de 2008, "Veritas Diaboli Manet in Aeternum: Le Diable Est Ma Raison", adentramos agora em uma fase anterior de sua evolução. "Coagula - L'Ether Du Diable" é mais do que uma mera compilação de demos; é uma cápsula do tempo que nos transporta para os primeiros passos dessa entidade musical.

Nesta compilação, somos convidados a testemunhar o nascimento da visão artística que moldaria o som característico da banda. Estas demos, "Scarification of Soul" de 1998 e "Death To Macrocosm" de 1999, revelam as raízes obscuras e as sementes do pensamento criativo que floresceriam nos anos subsequentes. É um mergulho nas origens, onde a linguagem da música e as letras ainda estavam em sua forma mais crua e enigmática.

Assim, à medida que desvendamos os mistérios contidos nestas faixas, somos levados a uma jornada única de autodescoberta. É uma oportunidade rara de testemunhar a evolução de uma mente criativa e as sementes de uma expressão artística que, posteriormente, ecoaria através do tempo e do espaço. 
 
A primeira demo, "Scarification of Soul" (1998), revela uma abordagem inicial da banda ao black metal. Através de suas composições longas e elaboradas, somos imersos em um turbilhão de guitarras estridentes, bateria frenética e vocais rasgados. É uma jornada audaciosa e caótica, onde a musicalidade encontra sua expressão na dissonância e na agressividade.

Lamentavelmente, somos impedidos de penetrar nas entranhas líricas das duas primeiras faixas deste compêndio. Como o próprio artista revelou em uma entrevista, suas letras são como enigmas pessoais, metáforas obscuras cuidadosamente tecidas para esconder, em vez de revelar, sua mensagem. Assim, somos deixados à deriva, sem as bússolas verbais que nos guiariam através dos labirintos de sua mente criativa.
 
 A segunda demo, "Death to Macrocosm" (1999), mergulha ainda mais fundo na escuridão. 
As composições são repletas de riffs de guitarra rápidos e agressivos, combinados com bateria acelerada e vocais rasgados típicos do black metal. A produção lo-fi adiciona uma camada adicional de crueldade ao som, criando uma atmosfera caótica e perturbadora. 
 
A terceira faixa, intitulada "Alpha Wolf Anger", desenha a imagem de uma besta sem rosto, cujos uivos ressoam como um eco de insanidade. Sua carne é uma encarnação de sujeira e feiura, uma representação distorcida da natureza. Através de uma dança macabra, essa criatura infla a escuridão, criando uma sinistra sinfonia que é ao mesmo tempo cântico e maldição. Seus olhos, como brasas ardentes de ódio, brilham intensamente, sinalizando a presença do próprio Mal.

"Death to Macrocosm", a quarta faixa, nos transporta para um estado de morte mística. Aqui, nos damos conta de que estamos imersos em uma morte que transcende o cosmos. Este é um lugar onde a luz não tem lugar, apenas o vazio e o desconhecido. É um mergulho profundo no abismo da existência, onde a morte não é apenas um ato, mas um pensamento que corrói a alma. É uma jornada obscura em direção ao desconhecido, uma transformação espiritual no altar da própria essência.

Finalmente, a quinta faixa, ''Evil War (The End Of Men By Men)'', apresenta uma marcha infernal. Legiões se reúnem sob o estandarte de vontades sombrias, marchando através de um infindável inverno. Nesta guerra maligna, o fogo atômico se ergue para apagar o dia e a noite. É uma destruição cega, onde a paisagem em chamas testemunha o fim da substância mortal. A orquestra das armas de morte canta o testamento da vida. Neste cenário, proclama-se o fim da humanidade pelas mãos dela mesma. É o sopro do mal que se manifesta.
 
Em resumo, "Coagula (L'Ether du Diable)" é uma obra que desafia normas estabelecidas e conduz os ouvintes por uma exploração profunda da complexidade da mente humana. Esta compilação merece apreço por parte daqueles que buscam as profundezas mais intrigantes do black metal, uma experiência musical que desperta a imaginação e provoca reflexões intensas.


 

sábado, 23 de setembro de 2023

S.V.E.S.T. - Veritas Diaboli Manet in Aeternum: Le Diable Est Ma Raison


Nas profundezas do cenário do black metal francês, encontra-se uma obra de arte obscura e hipnótica conhecida como "Veritas Diaboli Manet in Aeternum: Le Diable Est Ma Raison". Este é um EP lançado em 2008 pela banda S.V.E.S.T., que desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do black metal na França. Com apenas três faixas, este álbum é uma experiência musical intensa e transcendental.

Desde a primeira faixa, intitulada "Et La Lumière Fut, Comme Un Coup De Scalpel," somos mergulhados em uma atmosfera densa e sinistra. Os acordes iniciais cortam como um bisturi, abrindo caminho para um turbilhão de riffs e ritmos hipnóticos que se desenrolam ao longo de mais de dez minutos.
A produção lo-fi adiciona uma camada de crueldade à música, como se estivéssemos testemunhando um ritual primitivo. A bateria martela incessantemente, criando um pulso frenético que nos envolve. Os vocais, raspados e angustiados, ecoam como lamentos de almas perdidas. No entanto, por baixo dessa cacofonia, há uma melodia sinistra e intrincada que se desdobra, revelando uma beleza estranha e perturbadora.
Nesta faixa, somos confrontados com a ideia de que tudo o que existe já foi realizado no provável, uma visão que desafia o tempo e a causalidade. O Diabo é apresentado como o "Grande équarrisseur", aquele que desmembra a matéria e cria o Todo. A música transmite a sensação de uma explosão de raiva cósmica, e a guitarra, embora distorcida, cria melodias que ecoam por entre a estática. O Diabo é retratado como a interface entre a causa e o efeito, o que desafia a dualidade. Esta faixa reflete a entropia do Diabo como uma força universal que governa a ação e a evolução do universo.
 
"Le Diable Est Ma Raison" continua essa jornada sombria, com sua duração de oito minutos parecendo uma eternidade. A faixa mantém a mesma intensidade, mas introduz uma sensação de desespero existencial. A guitarra emite riffs tortuosos, e a bateria executa blast beats que evocam uma sensação de caos controlado. Os vocais, novamente, ecoam com uma aura de angústia e questionamento. A música é uma ode ao Diabo, uma celebração do obscuro e do desconhecido. 
Nas letras, somos levados a observar a humanidade, que muitas vezes idolatra deuses e demônios sem entender o vazio que existe por trás da adoração. O Diabo é retratado como o arquiteto do ceticismo, aquele que quebra a ilusão da fé cega. Ele é descrito como uma unidade prismática da realidade. A letra questiona se o Diabo tem um propósito ou se ele é uma força primordial sem visão. A arrogância humana é desafiada ao atribuir intenções ao Diabo, que, na verdade, é uma força transcendental que não busca a atenção dos mortais.
 
"Veritas Diaboli Manet in Aeternum" 
Esta faixa apresenta apenas uma expressão direta em latim: Veritas Diaboli manet in aeternum. Diabolis vobiscum et cum spirita tuo. "A verdade do Diabo permanece para a eternidade. Diabo esteja convosco e com vosso espírito." É como uma invocação final, enfatizando a permanência da verdade satânica, independentemente de qualquer outro conceito religioso.
Nesta última faixa, a sonoridade assume uma qualidade ritualística e quase litúrgica. Os cânticos profanos e guturais evocam uma sensação de invocação, como se estivéssemos testemunhando um ritual secreto em homenagem ao desconhecido. A música aqui inicialmente é mais lenta e arrastada, criando um ambiente de tensão. O uso do latim nas letras reforça a atmosfera ritualística e misteriosa. À medida que a faixa avança, o clima sinistro se intensifica. Sons estranhos e inquietantes se entrelaçam com guitarras distorcidas e pesadas, criando uma paisagem sonora que é ao mesmo tempo perturbadora e hipnótica. 
Ao longo de seus quatro minutos, "Veritas Diaboli Manet in Aeternum" nos envolve em uma atmosfera de terror cósmico, como se estivéssemos prestes a enfrentar forças além do nosso entendimento. É uma experiência auditiva que desafia convenções e deixa uma impressão duradoura de que o desconhecido, o sinistro e o misterioso estão sempre à espreita nas sombras da existência humana.
 
No geral, a sonoridade deste EP é um testemunho da abordagem radical e desafiadora do black metal. É uma experiência auditiva que empurra os limites da música extrema, explorando a dualidade entre a brutalidade e a complexidade. A produção lo-fi acrescenta uma camada de autenticidade e crueldade à música, enquanto
as letras são um mergulho profundo na filosofia satânica e na relação complexa entre o homem e suas crenças. Elas desafiam a ideia tradicional do bem e do mal e convidam o ouvinte a contemplar o desconhecido. S.V.E.S.T. utiliza uma linguagem poética e obscura para explorar esses temas, criando uma atmosfera única e sombria que permeia todo o EP.
Em resumo, "Veritas Diaboli Manet in Aeternum: Le Diable Est Ma Raison" é uma obra-prima do black metal francês, uma exploração das profundezas do satanismo e da psique humana. É uma dança com o diabo na luz e nas trevas, uma jornada para além dos limites da compreensão humana. É uma experiência musical que transcende o gênero e permanece como uma obra duradoura da arte obscura.



sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Inferno - Paradeigma (Phosphenes Of Aphotic Eternity)

 
O álbum "Paradeigma (Phosphenes of Aphotic Eternity)", da banda Inferno, é uma jornada audaciosa rumo ao desconhecido, um mergulho nas profundezas mais sombrias do black metal e além. Com seu oitavo lançamento, o Inferno transcende os limites do gênero, criando uma paisagem sonora densa e hipnótica que desafia as convenções do metal negro tradicional. Na verdade, Inferno, uma veterana da cena de black metal da República Tcheca, há muito abandonou as raízes do black metal tradicional, embarcando em uma jornada de experimentação sonora. "Paradeigma" é o culminar dessa evolução, uma obra onde a música e a atmosfera se tornam um só.

A produção do álbum é densa e cavernosa, envolvendo o ouvinte em um frenesi hipnótico. Cada faixa é como uma jornada às sombras, onde a linha entre a realidade e a ilusão se desfaz. A sensação de estar perdido na escuridão é palpável, e é exatamente isso que torna este álbum tão intrigante.

A jornada começa com "Decaying Virtualities Yearn for Asymptopia," um prólogo sombrio que prepara o terreno para o que está por vir. A produção densa e cavernosa envolve o ouvinte, como se estivesse dentro de uma gruta escura, enquanto sons distantes sussurram segredos insondáveis. O álbum se desenrola como um pesadelo hipnótico, onde as distorções de guitarra e a percussão trovejante criam uma paisagem sonora sinistra. Os vocais, se é que podem ser chamados assim, são como ecos distantes de cantos gregorianos em uma catedral abandonada. As palavras se perdem na escuridão, deixando apenas a sensação de um discurso inumano.

O aspecto mais notável deste álbum é a produção. Cada instrumento parece estar imerso em uma profunda camada de efeitos, criando uma sensação de desorientação e obscuridade. É como se estivéssemos vagando às cegas por um labirinto musical, tentando decifrar seus segredos.
O álbum incorpora elementos de música eletrônica, com efeitos que se entrelaçam na densa paisagem sonora, criando uma sensação de espaço e atmosfera. O uso de sintetizadores e efeitos de som adiciona camadas de complexidade, às vezes desafiando a definição tradicional de música, como visto em faixas como "Phosphenes". Esta música, por vezes, se assemelha a uma trilha sonora para um pesadelo cósmico, uma exploração dos cantos mais obscuros da mente humana.

As vocalizações são distantes e etéreas, ecoando de algum lugar além da percepção, como se viessem de um mundo paralelo. As letras, muitas vezes, são ininteligíveis, mas isso não importa. A música não busca transmitir mensagens diretas, mas sim evocar emoções profundas e obscuras. É uma trilha sonora para a mente, um mergulho nas profundezas da psique.

As faixas são extensas e cheias de mudanças de direção melódica, alternando entre seções lentas e rápidas. Os momentos rápidos são como explosões de energia, interrompendo a solenidade e acrescentando um toque de caos ao álbum. "Ekstasis of the Continuum" é um exemplo poderoso dessa alternância, com seus momentos de intensidade e sua apoteose cacofônica.

"Descent into Hell of the Future" é um dos pontos altos do álbum, começando como uma marcha lenta e desenvolvendo-se em uma tempestade de riffs e ritmos. É uma jornada musical que espelha a própria essência do álbum, uma exploração das profundezas do desconhecido.

Em "Stars Within and Stars Without Projected into the Matrix of Time", o álbum atinge seu clímax, combinando elementos de todas as faixas anteriores em uma sinfonia apocalíptica. A música desaparece lentamente, como se a jornada tivesse chegado ao fim, mas deixando a sensação de que a verdadeira compreensão ainda está além do horizonte.

"Paradeigma (Phosphenes of Aphotic Eternity)" é, sem dúvida, uma obra de arte que abre um portal para o desconhecido. É uma exploração profunda da psicologia, da cosmologia e do horror, inspirada por pensadores como Carl Jung e obras literárias que desafiam a mente. É uma trilha sonora para o intelecto, uma viagem pela mente humana e pelo cosmos, onde cada camada interage em uma dinâmica cósmica ininterrupta.

Em resumo, este álbum do Inferno é uma experiência musical única, uma jornada que desafia as convenções do black metal e mergulha profundamente nas sombras do desconhecido. É um testemunho da criatividade e da audácia desta banda checa, que continua a evoluir e a empurrar os limites do gênero. É uma obra que merece ser ouvida, não apenas com os ouvidos, mas com a mente e a alma. Um mergulho no abismo da eternidade afótica, onde as estrelas brilham tanto dentro de nós quanto fora, projetadas na matriz do tempo.
 
 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Negative Plane - Stained Glass Revelations


 

No tumultuado ano de 2011, emergiu uma obra que se tornaria um ponto de referência no reino sombrio do black metal. "Stained Glass Revelations", criado pela banda Negative Plane, é um registro que ecoa nos abismos do caos, do desespero, do vazio eterno, da morte e do ocultismo. Os Estados Unidos foram o berço desse enigmático álbum, lançado sob o selo da The Ajna Offensive. 
 
A abertura do álbum com "The Fall" nos envolve em uma atmosfera sombria desde o início. A faixa serve como uma porta de entrada para o desconhecido. Seus acordes iniciais nos arrastam para uma queda inexorável, como se estivéssemos mergulhando nas profundezas de um abismo sônico. A música instrumental serve como uma introdução ao mundo obscuro que o Negative Plane está prestes a nos apresentar. Os sons sombrios e melancólicos que ecoam lembram o lamento de almas perdidas, evocando imagens de uma paisagem pós-apocalíptica. A amostra no final da faixa, é uma peça de Krzysztof Penderecki. Isso adiciona um elemento assombroso e experimental à faixa, aprimorando sua atmosfera sombria.

"Lamentations & Ashes" mergulha profundamente nas trevas. A letra nos transporta para um cenário de desespero e miséria. A fome, a peste e a morte são retratadas de forma vívida, enquanto a humanidade enfrenta seu declínio inevitável. Os versos descrevem vividamente a chegada da morte e a dança macabra que a acompanha, pintando uma imagem sombria e inquietante. A música em si é carregada de intensidade, com vocais rasgados e riffs pesados que ecoam como os gritos de uma sociedade à beira do colapso.

"Angels of Veiled Bone" nos leva a uma jornada ainda mais profunda no reino do ocultismo e do misticismo. A música evoca imagens de catedrais góticas e árvores antigas, criando uma atmosfera misteriosa e melancólica. A letra faz alusão a anjos feitos de ossos velados, sugerindo uma beleza oculta mesmo na morte. A combinação de vocais guturais e instrumentais etéreos criam uma sensação de transcendência sombria.
 
"The Third Hour", serve como uma pausa na narrativa, é como um interlúdio sombrio. Sua brevidade é compensada pela atmosfera carregada de mistério, como se estivéssemos testemunhando um momento crucial em uma cerimônia oculta. É um respiro fugaz antes da próxima imersão nas trevas, permitindo que os ouvintes respirem e absorvam as emoções evocadas até agora. É como uma pausa antes de entrar em um novo nível de escuridão.

"The One and the Many" mergulha na dualidade da existência. A letra sugere uma busca pela unidade, enquanto os vocais guturais e os riffs sombrios nos arrastam para uma jornada de autodescoberta espiritual. A música explora a complexidade do divino e do profano, criando uma sensação de ambiguidade e reflexão.

"Charnel Spirit" nos envolve em uma atmosfera etérea e sobrenatural, como se estivéssemos vagando por corredores sombrios de uma cripta antiga. A música instrumental mantém a sensação de mistério e suspense enquanto nos prepara para a segunda metade do álbum.

Em "All Souls", a banda explora a ideia da morte como uma passagem para o desconhecido. A sonoridade é melancólica e carregada de emoção, ela mantém a intensidade do álbum, com riffs de guitarra e vocais abrasivos. A música evoca uma sensação de desolação e perda. A letra fala sobre a jornada das almas após a morte e a espera por um destino final, seja nos céus ou nas chamas infernais. A combinação de vocais sombrios e arranjos grandiosos cria uma sensação de solenidade e contemplação sobre a mortalidade humana. A faixa nos lembra que, na morte, todos somos iguais, independentemente do nosso status em vida.

"The Number of the Word" nos leva a uma exploração metafísica, onde números e símbolos misteriosos se entrelaçam em busca da verdade. A letra faz referência a conceitos esotéricos e à busca pela iluminação espiritual, explorando temas ocultos e místicos, fazendo referência a números misteriosos e à importância das palavras. Pode sugerir uma busca por significado e conhecimento nas profundezas do desconhecido. A faixa possui uma sonoridade sombria e pesada, com elementos de melodia e distorção. Ela cria uma sensação de mistério e inquietação. A música é complexa e rítmica, refletindo a profundidade das questões filosóficas abordadas.
 
E então, um momento de reflexão e introspecção,"Stained Glass Reflections" nos convida a contemplar imagens e reflexos capturados nos vitrais de uma catedral sombria, onde a luz e a escuridão se encontram. A faixa instrumental mantém uma atmosfera etérea e introspectiva, como se estivéssemos refletindo sobre os mistérios do mundo.

A faixa final, "Stained Glass Revelations", é uma culminação de todo o álbum. Ela nos leva a um clímax sonoro e lírico, onde apocalipse e revelação se entrelaçam. A música evoca uma sensação de encerramento, como se estivéssemos testemunhando o fim de todas as coisas. A letra evoca uma sensação de apocalipse e revelação, com imagens de destruição e renascimento. Isso cria um encerramento poderoso e grandioso para o álbum. A letra nos lembra que, no final, todas as verdades serão reveladas, não importa quão obscuras ou misteriosas elas possam parecer. É uma conclusão poderosa para esta jornada nas trevas.

Em resumo, "Stained Glass Revelations" é uma obra-prima do black metal que nos leva a uma jornada emocional e intelectual pelas profundezas do desconhecido. Cada faixa é uma exploração cuidadosa de temas sombrios e misteriosos, e a música em si cria uma atmosfera que é ao mesmo tempo melancólica, transcendental e inquietante. É um álbum que nos convida a refletir sobre a natureza da vida, da morte e do mistério que existe além do véu da realidade. Esta é uma experiência musical verdadeiramente imersiva e profundamente cativante.


segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O Renascer das Trevas


Tudo começou no ano de 2011, ou 2012, um turbilhão de acontecimentos obscureceu a paisagem virtual, onde sombras digitais varreram inúmeros recantos que outrora abrigavam preciosidades. Nesse âmago, eu, um apreciador do som sombrio do black metal, nutri uma insaciável ânsia por erigir uma enciclopédia do gênero, uma biblioteca da obscuridade, se assim preferirem. Como foi que essa sede insana de absorver e colecionar, de extrair até a última gota das notas melódicas sombrias, surgiu em mim, permanece um enigma cujo enunciado jamais decifrei.

Anos se escoaram, incontáveis álbuns do black metal e seus enigmáticos subgêneros se desdobraram através de minhas postagens. Meros compêndios com informações enlatadas e links para download, não mais do que isso. Minha missão era permanecer à par dos lançamentos mais recentes do black metal, alimentando insaciavelmente o ímpeto de prover à comunidade as relíquias mais raras e difíceis de serem obtidas. Uma incessante corrida contra o tempo e a indiferença, não conferindo àquilo que transmitia o devido valor que merecia.

Agora, ao retornar à ação, encaro as coisas sob um prisma diferente. A reinvenção se faz necessária. Álbuns que acalentam meus ouvidos e outros que jamais tive a oportunidade de explorar adequadamente ressurgirão sob nova luz. Não obstante, reconheço a inerente presença do caos entre estas páginas virtuais; a possível presença de obras medíocres, abandonadas ao vácuo do tempo, e a majestade de criações imortais que ecoam em meu ser, alimentando a sede insaciável por melodia obscura.

Minha promessa se estende a atualizar cada elo, a corrigir o que distorcido foi pelo capricho dos códigos deletados e pela sombra do DMCA. Minha impulsividade juvenil e o vício em compartilhar cada álbum na íntegra, um ato que antagoniza os próprios artistas. Contudo, por um instante, releguemos tal assunto ao esquecimento.

Desde o início da pandemia, a efervescência dos lançamentos se dissipou em minha mente, perdendo-se nas trevas do olvido. Prometo ressuscitar a frequência, embora tal ímpeto possa fenecer amanhã ou depois, pois, devo ressaltar, nada ganho com estas linhas e partilhas senão a efêmera satisfação de um arauto das trevas. Paciência peço aos que clamam por comentários e por elos ressuscitados, pois responderei a todos no meu próprio compasso, com serenidade.

Sugestões, caros leitores, serão calorosamente acolhidas. Bem-vindos, pois, ao novo semblante deste recanto, onde a originalidade impera e onde minhas ideias se derramam como um rio em torrente, carregando letras e devaneios, indiferentes ao curso do tempo e às opiniões alheias. Se acaso o conteúdo desagradar algum de vós, que seja. Este é um refúgio singular, onde minha mente transmuta palavras em magia e desvela a profundeza da escuridão que nos envolve.