Nos obscuros recantos do espectro musical, onde os acordes ressoam como ecos sombrios de uma dança noturna, encontramos a junção de duas entidades sonoras.
A primeira delas, cujo nome jamais será proferido pelos lábios mortais, evoca um tumulto diversificado de elementos musicais que agitam o coração e a mente. Riffs cortantes como lâminas afiadas, como espíritos inquietos, dilaceram o silêncio da noite, enquanto uma bateria acelerada, como o galope de cavalos negros, ecoa na escuridão. O ronco inicial que lembra o ruído de ratos, como uma invocação soturna, prenuncia a tempestade musical que se desencadeará. Os vocais variam, como se emanados de uma alma atormentada, desde gritos padronizados, como clamores de penitência, até partes semi-limpas, como murmúrios de segredos proibidos, e vocais depressivos, como lamentações de almas perdidas.
Em
Askeregn, encontramos as seguintes entidades:
E. Rustad, um mago das baquetas, comandando a bateria e os vocais, conjura ritmos que reverberam como os passos de espectros famintos.
F. Granum, o mestre das seis cordas, tecendo melodias que cortam o ar como lâminas afiadas, guia-nos pelas trevas da criação musical.
T. Torsetnes, o guardião das profundezas, com o baixo, acrescenta uma dimensão obscura e sinistra a essa sinfonia proibida.
A segunda entidade, Kêres, nos convida a adentrar em sua paisagem sonora. Este é um dos projetos que o escritor cultiva com fervor, pois em todos os seus trabalhos, as
melodias de guitarra nos cativam, como a névoa que cobre os túmulos
esquecidos de um cemitério ancestral. A atmosfera é sombria, como um espectro à espreita nas sombras, e os tons de baixo são audíveis como os sussurros dos ventos gelados que varrem uma floresta funesta. O som, embora menos áspero, é como a melodia de um corvo noturno, que nos guia por um labirinto de emoções obscuras.
Aqui, encontramos
um artífice solitário e misterioso. Atvar, cuja identidade já é aclamada
por seus notáveis feitos musicais em Circle of Ouroborus, Elemental,
Rahu, Venus Star e outros reinos, mais uma vez, desvela sua maestria ao
controlar todos os instrumentos e vocais. Seu domínio sobre cordas,
teclas e vozes é como a magia de um feiticeiro, enredando-nos em uma
paisagem sonora enigmática e sombria, como se nos transportasse para um
mundo de sombras e segredos, onde os mistérios musicais se desdobram
diante de nós, como os segredos de uma alquimia musical proibida,
revelados apenas àqueles corajosos o suficiente para desvendar os
enigmas que residem nas entrelinhas da melodia.
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Askeregn: Fra avgrunnens rumlende dyp
Nos
confins abissais, onde o eco ressoa como um murmúrio da própria
condenação, emergem versos enigmáticos que ecoam como um cântico de
desespero. A primeira dessas palavras profanas nos conduz a um lugar
onde a fúria do inferno fomeia e se agita, onde a visão do incontrolável
se desenrola diante de nossos olhos mortais. Hordas incontroláveis de
criaturas rastejantes, como a própria encarnação do caos, infestam esse
abismo de trevas. Olhos que anseiam, cobiçam e cintilam, como as brasas
de um fogo eterno.
Essas criaturas, impelidas por um frenesi
enlouquecido, cavam e arranham vorazmente em busca da corrupção que jaz
nas entranhas desse reino. Entre as cinzas de castelos incendiados, sob
as estrelas que cintilam com indiferença cósmica, a lua, majestosa,
derrama sua luz cadavérica sobre esses mortos-vivos, que dançam de forma
desprovida de razão.
Tremores e espasmos agitam a crosta da
terra até que ela se rompa, revelando fendas que exalam o hálito de
enxofre e peste. Corpos espalhados, em diferentes estados de
decomposição, jazem à espera, atraindo como um ímã as criaturas do
inferno famintas por carne e sofrimento.
Das profundezas do
abismo que ruge, ressurgem ratos famintos e ávidos por carne putrefata.
Os gritos vorazes de hordas insaciáveis ecoam por toda parte. E é então
que a revelação assombrosa se desdobra, como se a humanidade tivesse
sido sempre o que agora nos aterroriza.
Torres imponentes se
incendeiam, cidades se desintegram, a fome e a peste se unem para
profanar o mundo. Observamos, com a frieza do inevitável, e vemos o fim
do mundo se desenrolar diante de nós, como uma tragédia cósmica que foi
escrita nos astros há muito tempo, aguardando silenciosamente sua vez de
ser representada.
***
Kêres: Forging the Forbidden Stone
Nos versos sombrios deste cântico, encontramos uma narrativa de destinos obscuros e sinistros, revelando um profundo pacto com forças que ecoam como o próprio abismo da eternidade. A alma imortal do narrador parece condenada a um destino mais sombrio, oferecido pelo seu senhor, que aguarda além do sangue da lua, como se o próprio satã anunciasse um chamado.
Para alcançar esse desígnio, um pacto foi selado, um juramento solene que desafia tanto homens quanto bestas, como se as próprias forças do inferno conspirassem para elevar a mortalidade a uma esfera superior. Não se trata de um demônio comum que aqui se ergue sobre o véu da existência, mas uma entidade que desafia a natureza do próprio divino.
O narrador esculpe uma imagem, mas não em ouro reluzente; em vez disso, ela é moldada a partir de sujeira, água e símbolos mortos. Isso é tudo o que ele reuniu, como se estivesse montando um quebra-cabeça profano, cujas peças, aparentemente sem valor, contêm o segredo de sua busca.
O esforço parece infinito, como o trabalho de um besouro entre as pirâmides, como se o desperdício e a destruição lenta dessem à luz montanhas que, um dia, deixarão sua marca na face de Deus. O que permanece nesta terra, após a passagem do narrador, está fadado a desaparecer em breve, pois o servo não pode sobreviver na ausência do senhor.
Nesses versos misteriosos, somos transportados para um domínio onde o sacrifício e o ocultismo se entrelaçam em uma narrativa sombria. A obscuridade e o mistério dessa jornada se desdobram como uma trama do desconhecido, onde o narrador ousa enfrentar as forças que transcendem a própria existência.